Anna Bella Geiger
Foram feitas intervenções de preservação em dez vídeos de Anna Bella Geiger, realizados entre 1974 e 1981. Em entrevista filmada no ano de 2017, a artista descreve a conjuntura da criação das obras contempladas e do trabalho com imagens em movimento. Apresentamos a filmografia da artista acompanhada por um texto crítico internacional e um texto brasileiro para reforçar a atualidade e o acesso à produção da artista.
Vídeos Restaurados
As obras selecionadas foram tratadas e digitalizadas respeitando os padrões de latitude de cor e de som da obra original, a despeito das dificuldades trazidas pela condição das matrizes (nem todas de primeira geração).
 
Em três prospecções, foram escolhidos 18 suportes originais de vídeos da artista.
 
Parte do tratamento foi feito diretamente nas fitas magnéticas originais da câmera Portapak | Sony, de Jom Tob Azulay, de 1/2 de polegada de rolo aberto. Parte do material foi recuperado de uma fita Umatic com compilações de obras enviadas para o John Simon Guggenheim Memorial Foundation em 1981.
Passagens I
1974
Vídeo, 12’04", PB
Uma série de planos mostra uma mesma ação que se repete: o andar pelos degraus de diversas escadarias do Rio de Janeiro. Sempre de costas, Anna Bella Geiger sobe incansavelmente.
Passagens II
1974
Vídeo, 11’12", PB
Plano fixo numa escadaria que preenche totalmente a imagem: Anna Bella Geiger anda pelos degraus, lateralmente, subindo, descendo, desenhando uma série de formas na tela.
Centerminal
1974
Vídeo, 1’55”, PB
Numa floresta, a reivindicação de uma passagem que se oriente para qualquer direção fora do centro.
Declaração em retrato I
1974
Vídeo, 16’34”, PB
Uma reflexão acerca da condição do artista brasileiro fora do circuito de arte internacional.
Declaração em retrato II
1975
Vídeo, 10'46", PB
Uma reflexão acerca dos conceitos de cultura e arte no contexto do circuito de arte brasileiro.
Mapas elementares I
1976
Vídeo, 3’13", PB
Ao som de “Meu caro amigo”, de Chico Buarque, Anna Bella Geiger desenha a lápis o mapa-múndi.
Mapas elementares II
1976
Vídeo, 3’43", PB
Ao som de “Meu caro amigo”, de Chico Buarque, Anna Bella Geiger desenha diversas representações do mapa-múndi, apresentando o mundo sob outras perspectivas.
Mapas elementares III
1977
Vídeo, 3’22”, PB
O formato da América do Sul é ponto de partida para jogos semânticos entre imagem e palavra, sobre os quais Anna Bella Geiger comenta, ironicamente, alguns estereótipos atribuídos às culturas latino-americanas.
Local da ação
1978
Vídeo, 1’51", cor
O isolamento do Brasil em relação ao contexto internacional é explorado neste vídeo, em que o continente da América do Sul se descola do restante do mapa-múndi e a artista, então, morde um pedaço de pão criando o formato da América Latina.
Quase mancha
1981
Vídeo, 3’22”, cor
Passando rapidamente por tecidos almofadados impressos com manchas em forma de camuflagem, o vídeo busca confundir o espectador com "mapas" e "manchas" que se assemelham a mapas.
Difusão
Os vídeos restaurados estão diponíveis em:
Eletronic Arts Intermix
Para consulta no acervo da Electronic Arts Intermix, em Nova Iorque, agende e informe a lista dos títulos de interesse através do email info@eai.org ou por telefone (212) 337-0680.
Associação Cultural Videobrasil
Para consulta no acervo da Associação Cultural Videobrasil, em São Paulo, é necessário agendamento pelo e-mail arquivo@videobrasil.org.br.
Ensaios
Anna Bella Geiger: passagens e transbordamentos
Marisa Flórido César, 2020
Um rosto desenhado na areia: os territórios de Anna Bella Geiger
Pablo Larios, 2020
Anna Bella Geiger
Direção Vivian Ostrovsky.
2019, Brasil. 25’, cor, sonoro
Anna Bella Geiger
Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro — RJ, 1933)

Graduada em Línguas Anglo-Germânicas na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na década de 1950, quando também iniciou seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower. Em 1954, seu treinamento acadêmico se expandiu para Nova Iorque, onde estudou História da Arte e Sociologia da Arte na New York University (NYU) e na New School for Social Research (NSSR). Após retornar ao Brasil, participou, entre 1960 e 1965, do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio). A estreia de Geiger na arte profissional data de 1953, na 1ª Exibição Nacional de Arte Abstrata, organizada pelo MAM Rio, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ). Em 1962, ela ganhou o prêmio concedido pela Casa de Las Américas, em Havana.

Destaques de sua longa e expansiva carreira incluem diversas bienais internacionais, como a de São Paulo e a de Veneza.

Entre sua primeira exibição individual (1954, Toronto) e suas mais recentes, ela participou regularmente de coletivas proeminentes. A exposição “Video Art” (1975, Museum of Contemporary Arts, Chicago e The Institute of Contemporary Art, Filadélfia, ambos nos EUA) se provou uma plataforma crucial para seus trabalhos pioneiros com a mídia.

Sua obra figura entre os maiores acervos, incluindo MoMA (Nova Iorque), Centre Georges Pompidou (Paris), Tate Modern e Victoria and Albert Museum (Londres), Getty Center (Los Angeles) e Fogg Museum na Harvard University (Boston).

A artista é, também, autora. Colaborou com o renomado crítico de arte e filósofo Fernando Cocchiarale no livro Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos 50 (publicado em 1987 pela Funarte, Rio de Janeiro).

Os experimentos de Geiger com a performance emergiram de seu interesse em instalações imersivas e de sua dedicação a uma arte socialmente engajada e politicamente responsiva.‎ Em 1972, criou no MAM Rio o que ela denominou de Ambiente Parcial (Partial Environment). Sua primeira videoinstalação data de 1978 (O pão nosso de cada dia, Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro). Durante décadas, ela conciliou seu trabalho entre sua própria produção e sua paixão pela docência. Continua a trabalhar nas faculdades do Higher Institute for Fine Arts — HISK (Ghent) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro).

Em 21 de fevereiro de 2017, Anna Bella disse, em entrevista ao BFVPP: “Com os anos, eu posso falar agora, a videoarte sobreviveu. A fonte do pensamento, do que se cria em arte, não se esgota”.

Filmografia
Circumambulatio (1972)
Diapositivos, 8’30”, cor, sonoro; fotos PB e em cor, 60 slides; enquetes em folhas soltas de papel Canson e xerox Detalhes
Passagens I (1974)
Video, fita magnética, 12’04", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada Detalhes
Centerminal (1974)
Video, fita magnética, 1’55”, PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Declaração em retrato n. 1 (1974)
Vídeo, magnetic tape, 16’34”, PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Passagens II (1974)
Vídeo, fita magnética, 11’12", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Joseph Beuys conversa com Anna Bella Geiger (1975)
Vídeo, 10’, PB, sonoro Detalhes
Declaração em Retrato n. 2 (1976)
Vídeo, fita magnética, 10’46", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Telefone sem fio (1976)
vídeo, 13’, PB, sonoro Detalhes
Mapas elementares n. 1 (1976)
Vídeo, fita magnética, 3’13", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Mapas elementares n. 2 (1976)
Vídeo, fita magnética, 3’43", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Mapas elementares n. 3 (1976)
Vídeo, fita magnética, 3'22", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Detalhes
Local da ação (1978)
Vídeo, fita magnética, 1'55, cor, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada. Integra a videoinstalação O pão nosso de cada dia (1978). Detalhes
Quase mapa, quase mancha (1981)
vídeo, 3’22”, cor, sonoro, integra a instalação Mesa, friso e vídeo macios. Detalhes
Pedra — objeto de arte (1982)
Vídeo, 30’, cor, sonoro Detalhes
Burocracia (1982)
Vídeo, 38’, cor, sonoro Detalhes
Ideologia (1982)
Vídeo, 20’, cor, sonoro Detalhes
On art (1983)
Vídeo, 2’, cor, sonoro Detalhes
O sorriso do gato Cheshire em Alice (no País das Maravilhas) (1994)
Videoinstalação Detalhes
Rrose Sélavy (1997–2011)
Videoinstalação; páginas de jornal com serigrafia, fardos de jornal, três monitores, vídeo de 10' em loop de duas horas Detalhes
Eject (2001)
Digital, 12’, cor. Integra a Videoinstalação Indiferenciados (2001), projetada em loop de duas horas Detalhes
Out of control (2002)
Vídeo, 1’20”, cor, sonoro Detalhes
Estou no mato, estou no mar… (2003)
Vídeo, 15’, cor Detalhes
Circa I, II e III (2006, 2007, 2008)
Vídeo, 30”, cor, sonoro Detalhes
Circa IV (2009)
Videoinstalação; vídeo, 5'38", cor, sonoro Detalhes
Zona Portuária com águas dos mares (2010)
Vídeo, 10’, cor, sonoro e fotografia colorida Detalhes
Circa V (2011)
Videoinstalação; vídeo, 10’ Detalhes
Cuidado, cão feroz (2012)
Vídeo, 1’, cor, sonoro Detalhes
Trenzinho (2012)
Vídeo, cor, sonoro Detalhes
Making Of