Sonia Andrade
A prospecção das matrizes originais da artista Sonia Andrade nos trouxe gratas surpresas, tamanha a consciência de preservação da artista. Ciente da destinação social que pretende para sua obra, Sonia Andrade armazena em casa todas as fitas magnéticas que contêm suas obras de videoarte. A artista questionou os parâmetros da digitalização e da responsabilidade de migração e, eventualmente, novas digitalizações foram feitas para acompanhar as transformações tecnológicas de acesso e, ao mesmo tempo, manter as características originais de seus trabalhos. Encontramos as matrizes originais de todas as obras contempladas pelo projeto. O estado de conservação dos suportes que chegaram a Nova Iorque foi elogiado pelos técnicos da Electronic Arts Intermix.
Ensaios
Sonia Andrade: na intimidade do visível
Marisa Flórido César, 2022
Sonia Andrade
Marcella Lista, 2022
Sonia Andrade
Sonia Andrade (Rio de Janeiro, RJ, 1935 - 2022)

Interessada pelos limites e significados da comunicação, Sonia Andrade foi uma das pioneiras da videoarte no Brasil. Sua produção, no entanto, não se limita à videoarte, mas agrega uma multiplicidade de meios e assuntos manifestados por ela em experimentações de diferentes perspectivas. A artista ia do desenho à escrita, da apropriação de objetos à fotografia, de cartões-postais à arte-correio, da projeção da imagem à instalação, entre outros.

Sua carreira foi impulsionada na década de 1970 pelo contexto histórico e artístico do país. Juntamente com um grupo precursor da videoarte, Andrade produziu vídeos de alta carga poética e crítica, que interrogam as complexas relações entre os modos de produção, circulação, mediação, recepção e comercialização, mantendo-se semanticamente atuais. Em alguns de seus vídeos da época, a artista faz referência à linguagem da TV de modo a subvertê-la: insere seu corpo feminino em situações inesperadas que parecem sugerir uma violência libertadora, como se estivesse a se rebelar dos padrões de comportamento impostos pelo regime ditatorial que assombrava o Brasil de seu tempo. O diálogo pode ser estabelecido também por meio de objetos e palavras, como na icônica instalação Hydragrammas (1978–1993). Andrade reúne um grande número de objetos, associando-os uns aos outros, fotografa-os, e então atribui uma palavra a cada uma das reproduções, de forma a criar com esse mecanismo um vocabulário que traz novos sentidos a eles. Em suas videoinstalações mais recentes (2001–2017), a artista relaciona cristais e pedras a projeções, motivada pelas questões estruturais e simbólicas da luz e pelas inflexões geradas no encontro entre imagem/representação e objeto/coisa.

O conjunto total de trabalhos da artista revela as múltiplas camadas de significado que se obtém de cada obra individualmente. A dimensão ético-política, do enigma do tempo e do caráter episódico e relacional, torna-se evidente.

Sonia Andrade possui trabalhos em coleções públicas de instituições importantes. como Centre Pompidou (Paris, França), Getty Research Institute (Los Angeles, EUA), Haward Art Museums (Boston, EUA) e Kunstgewerbemuseum (Zurique, Suíça).

Filmografia
Sem título (fios) (1974-77)
Vídeo, 2’30”, PB, mudo Detalhes
Sem título (1974–77)
conjunto de oito vídeos, 52’30”, PB, mudo e sonoro Detalhes
Sem título (gaiolas) (1974–77)
Vídeo, 3’34”, PB, mudo Detalhes
Sem Título (tesoura) (1974–77)
Vídeo, 4’, PB, mudo Detalhes
Sem título (martelo) (1974–77)
conjunto de oito vídeos em super-8, 5’30”, PB, mudo e sonoro Detalhes
Sem título (feijão) (1975)
Vídeo, 9’, PB, mudo Detalhes
Telefone sem fio (1976)
vídeo, 13', PB, sonoro Detalhes
A morte do horror (1981)
conjunto de sete vídeos, 12’08”, cor, sonoro Detalhes
Intervalo (1983)
vídeo, 3’30”, cor, sonoro Detalhes
Making Of