
Interessada pelos limites e significados da comunicação, Sonia Andrade foi uma das pioneiras da videoarte no Brasil. Sua produção, no entanto, não se limita à videoarte, mas agrega uma multiplicidade de meios e assuntos manifestados por ela em experimentações de diferentes perspectivas. A artista ia do desenho à escrita, da apropriação de objetos à fotografia, de cartões-postais à arte-correio, da projeção da imagem à instalação, entre outros.
Sua carreira foi impulsionada na década de 1970 pelo contexto histórico e artístico do país. Juntamente com um grupo precursor da videoarte, Andrade produziu vídeos de alta carga poética e crítica, que interrogam as complexas relações entre os modos de produção, circulação, mediação, recepção e comercialização, mantendo-se semanticamente atuais. Em alguns de seus vídeos da época, a artista faz referência à linguagem da TV de modo a subvertê-la: insere seu corpo feminino em situações inesperadas que parecem sugerir uma violência libertadora, como se estivesse a se rebelar dos padrões de comportamento impostos pelo regime ditatorial que assombrava o Brasil de seu tempo. O diálogo pode ser estabelecido também por meio de objetos e palavras, como na icônica instalação Hydragrammas (1978–1993). Andrade reúne um grande número de objetos, associando-os uns aos outros, fotografa-os, e então atribui uma palavra a cada uma das reproduções, de forma a criar com esse mecanismo um vocabulário que traz novos sentidos a eles. Em suas videoinstalações mais recentes (2001–2017), a artista relaciona cristais e pedras a projeções, motivada pelas questões estruturais e simbólicas da luz e pelas inflexões geradas no encontro entre imagem/representação e objeto/coisa.
O conjunto total de trabalhos da artista revela as múltiplas camadas de significado que se obtém de cada obra individualmente. A dimensão ético-política, do enigma do tempo e do caráter episódico e relacional, torna-se evidente.
Sonia Andrade possui trabalhos em coleções públicas de instituições importantes. como Centre Pompidou (Paris, França), Getty Research Institute (Los Angeles, EUA), Haward Art Museums (Boston, EUA) e Kunstgewerbemuseum (Zurique, Suíça).





