Mapas elementares n. 3 (1976)
Vídeo, fita magnética, 3'22", PB, sonoro, rolo aberto de 1/2 polegada.

Filmado por Davi Geiger, trilha com trechos do bolero “La virgen negra” (1965), de Los Chaynas. Anna Bella Geiger realiza jogos semânticos entre imagem e palavra com o formato da América do Sul e reflete sobre estereótipos atribuídos à cultura latino-americana. Em entrevista a Hans Ulrich Obrist (2018), a artista declara: “Voltei às minhas questões linguísticas, fonéticas e antropomorfizei a silhueta da América Latina como um Amuleto, como uma Mulata e uma Muleta. Eu as relacionei foneticamente e as desenhei no papel. Também fiz um vídeo sobre isso, o Mapas elementares III […]. Uma vez, passei por um lugar onde vendiam discos de vinil embrulhados em plástico. E li o título de um deles, La virgen negra, um bolero, e o comprei. Escutei a música e, logo no dia seguinte, fiz o vídeo Mapas elementares III, onde só tive o trabalho de acoplar o som à imagem. Acredito em epifanias. […] “La virgen negra” é um bolero cantado por uma mulher, onde ela pede ajuda à Virgen Negra. Ela fala como as mitologias que significam uma América Latina pedindo ajuda, esmola, auxílio para todos nós, sempre numa dependência, uma falta de autoestima. Eu não acho que o Brasil seja assim”.

Fontes
The MoMA (Nova Iorque), Centre Georges Pompidou (Paris), Coleção da artista.
Citações

Em Anna Bella Geiger: territórios, passagens, situações, organizado por Adolfo Montejo Navas (Rio de Janeiro: Casa da Palavra; Anima Produções Culturais, 2007), Karin Stempel diz: “[…] em seu vídeo Mapas elementares n. 3, de 1976, […] a artista desenha quatro figuras que logo se revelam como sendo jogos, que dão a reconhecer a imagem clichê da América Latina. As semelhanças semânticas entre o Amuleto, a Mulata, a Muleta e a América Latina transformam-se na superfície visual como distorções anamórficas de uma identidade que é determinada por limites e fronteiras vistos sob o ponto de vista de fora. O Amuleto representa o misticismo, os sincretismos religiosos; a Mulata encarna a sensualidade e a miscigenação das raças; a Muleta sinaliza o desamparo e a dependência e a geografia do continente nivela diferenças políticas, sociais, históricas, nacionais e culturais”.

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